data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Janio Seeger (BD/Diário)
Administrar é desatar nós e não provocar mais problema. Se um governo trabalha para isso, a sociedade já sai no lucro. O maior mérito do governo Pozzobom (PSDB), até aqui, é disparado a adoção das chamadas medidas compensatórias. O que nada mais é do que uma política que reconhece a limitação financeira (do poder público) em enfrentar problemas do dia a dia devido à falta de dinheiro em caixa. E, assim, busca, por meio de parcerias, enfrentá-las. Ao alterar o Plano Diretor, a gestão tucana passou a ser valer dessa prática que só foi possível por meio de uma mudança no plano. Na prática, isso proporcionou ao Executivo municipal condicionar onde e como quer que certos serviços sejam feitos junto àquelas empresas que invistam em Santa Maria.
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Governar é um ato de responsabilidade. E, por isso, não atrasar salários nem aviltar a dignidade dos servidores públicos deveria ser compromisso de um gestor que se diga sério. E, até aqui, Pozzobom não reproduz, felizmente, em nível local o que o governador Leite herdou do antecessor Sartori (MDB): a prática nefasta de não pagar em dia o funcionalismo gaúcho.
Mas responsabilidade também é governar onde, muitas vezes, não se vê um corte de fita ou um cerimonial para ficar vangloriando a si a e a seus atos. Ainda que Pozzobom, na vaidade que é própria de quem é político, goste de creditar quase tudo a si os louros da administração, o maior ganho dele é difícil de capitalizar junto ao grande público.
O principal feito da gestão tucana é essa alteração do Plano Diretor que, para boa parte da sociedade, passa batido. Mas que beneficiará todas as gestões que virão independentemente do partido.
Essa mudança é algo que, até o momento, possibilitará desatar, pelo menos, dois nós. O primeiro deles é a construção de um novo Calçadão que passará por uma reforma que o tornará, de fato, um cartão-postal. Essa é a promessa. O saldo será de um espaço revitalizado e que fará do local novamente o endereço predileto do público e ajudará, por tabela, aos lojistas.
O outro enfrentamento, igualmente importante, será junto ao Cemitério Ecumênico Municipal. Nesse caso, trata-se de um ganho duplo. Primeiro porque as capelas - que ficam em anexo ao Hospital de Caridade, no centro da cidade - sairão dali e, com isso, se dá fim a um problema que é o da mobilidade urbana: a realização provinciana de cortejos fúnebres que cortam a cidade em horários de pico. Não tem cabimento nem pode ser aceitável que isso (realização de cortejos) siga acontecendo em um município com uma frota de 162 mil veículos. O segundo ganho será que, com um cemitério mais atrativo (sem o aspecto desleixado), ficará mais fácil achar uma empresa na iniciativa privada que queira fazer a gestão do Ecumênico.
Há quem diga maldosamente que a prefeitura está gastando dinheiro com o Calçadão ou com as capelas mortuárias. O que não é verdade. Traduzindo para o bom português - ainda que com certa imprecisão jurídica-, o que a prefeitura tem feito é a adoção de parcerias público-privadas. Aliás, serão esses mesmos políticos (e paraquedistas) que, em um eventual governo, se valerão desses ganhos, que é para a cidade.
Esse legado de Pozzobom até pode ser que não se traduza em voto. Mas certamente irá reverberar em ganho à municipalidade pela modernidade que representa ao aproximar o poder público do que há de mais eficiente dentro do conceito de gestão.